Instituto Lula

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17/11/2010

A palavra-chave é: coloque ‘prata’ na mão dos pequenos

    Emprestar dinheiro aos cidadãos mais carente é uma forma de ampliar a política de distribuição de renda e o Brasil precisa disso para reduzir ainda mais o total de pessoas que estão na linha de pobreza. E engana-se quem se preocupa com a inadimplência dos mais pobres: são justamente eles os que menos dão calote. “A palavra-chave é essa: coloque ‘prata’ na mão dos pequenos. Dê oportunidade para que os pequenos tenham as coisas”, disse o presidente Lula a Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, durante o II Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira realizado em Brasília (DF) nesta quarta-feira (17/11).

    Lula aproveitou o evento para divulgar os dados do relatório preparado pelo secretário-adjunto da Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, sobre os resultados da política de microcrédito e inclusão financeira do governo – veja nosso post sobre esse balanço.

    A promoção, pelo governo, de um fórum para discutir a inclusão financeira de famílias de baixa renda pode soar estranho para executivos do sistema financeiro mundial, observou o presidente, mas o fato é que o Brasil está provando que segue no rumo certo.

    É uma coisa inusitada. Nós aqui estamos exercitando uma coisa simples. A gente está provando que pouco dinheiro na mão de muitos significa distribuição de renda. E muito dinheiro nas mãos de poucos significa concentração de renda.

    Ouça aqui a íntegra do discurso:

     

    O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que falou pouco antes de Lula, enfatizou a importância da política adotada pelo governo. Explicou que o BC tem atuado em duas frentes: controle da inflação, que possiblita o pleno funcionamento dos chamados bancos comunitários, e politica de inclusão financeira.

    O sucesso da política de inclusão financeira das famílias de baixa renda no Brasil apenas comprova, afirmou o presidente, que tudo fica mais fácil quando se faz o óbvio. Ele lembrou que na década de 1990 esteve em contato com o banco comunitário Palmas, de Fortaleza. Naquela ocasião, recebeu crédito de R$ 20. O que para alguns pode ser apenas uma ‘gorjeta’, para o pobre é dinheiro para “entrar numa bodega e fazer uma festa pelos próximos dez dias”.

    O presidente Lula aproveitou ainda para citar dois exemplos claros de como pequenos empréstimos podem promover grandes mudanças na vida das pessoas: um caso de Petrolina (PE), onde se encontrou com um jovem que cursava engenharia na universidade local e era beneficiário do Bolsa Família, e outro também no interior de Pernambuco, onde conheceu a história de uma mulher que pegou R$ 50 emprestados e investiu na produção de alimentos para operários da obra do canal do Rio São Francisco. Em poucos meses, o dinheiro se multiplicou e ela já estava ampliando o negócio: uma cozinha industrial para produzir alimentos para 400 operários. Veja aqui.

    Sandra Magalhães, representante do Banco Palma, de Fortaleza (CE), narrou a experiência de um banco comunitário. Fruto de uma experiência na capital cearense, o modelo já é adotado em nove estados brasileiros. Estes bancos são geridos por comunidades, por exemplo, de quilombolas, quebradeiras de coco, pescadores. A meta é atingir dois mil bancos até o ano de 2014. Para isso, as entidades contam com a política efetiva do governo federal.