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21/12/2010

Teleférico do Complexo do Alemão: acessibilidade também é cidadania

    Sistema de teleférico no Complexo do Alemão atenderá, a partir de março de 2011, até 30 mil pessoas por dia. Foto: Magda Dias/PR

    Durante mais de 25 anos, por cerca por 1 hora e meia por dia subindo e descendo o morro sob sol forte para trabalhar, ir ao comércio, passear, levar os filhos à escola, ir ao banco, ao posto de saúde. Essa é a história de dona Célia Rodrigues, moradora do Morro da Baiana, no Complexo do Alemão, mas poderia ser a história de outras milhares de famílias cariocas que têm, em sua rotina, o compromisso diário de caminhar por até duas horas para chegar às suas casas, no alto dos morros do Rio de Janeiro. A diferença é que para dona Célia e os demais moradores do Complexo do Alemão os dias de tamanho esforço estão contados: daqui a três meses estarão em funcionamento o teleférico e as cinco estações que transportarão, gratuitamente, os moradores da comunidade.

    Nesta terça-feira (21/12), o presidente Lula e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, participam da viagem que inaugura o período de testes. A partir de março de 2011, as 150 cabines do teleférico do Complexo do Alemão estarão em pleno funcionamento para levar mais cidadania, acessibilidade e comodidade aos moradores dos morros que compõem o Complexo. Depois disso, iniciam-se as obras dos teleféricos da Rocinha e do Complexo da Tijuca.

    Os 90 dias da fase de testes estão com contagem regressiva. A euforia dos moradores é grande, como disse dona Célia, que por conta do esforço contínuo de subir o morro diariamente “ganhou” varizes nas duas pernas, que lhe renderam uma aposentadoria forçada do trabalho de empregada doméstica. Hoje a moradora do Morro da Baiana sustenta a família com o benefício que recebe do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e ajuda a criar os netos. Mesmo não trabalhando mais, ainda se vê obrigada a subir as escadarias e rampas de acesso a sua casa de duas a três vezes ao dia para ir à padaria, ao supermercado e para levar e buscar os netos na escola e na natação. Com o novo sistema de transporte, ela poderá fazer o mesmo percurso sem esforço, em cerca de 10 minutos, e terá ainda a possibilidade de utilizar o sistema de integração com trens e ônibus que saem da primeira estação do teleférico, que fica no bairro de Bonsucesso.

    Para mim, é mais que um transporte. É a garantia de que poderei tratar do meu problema nas pernas e a alegria de saber que nós, do Complexo do Alemão, estamos sendo lembrados.

    Mas ali, mesmo antes da inauguração do teleférico, os benefícios já são visíveis, como afirma o presidente da Associação de Moradores, Renato Rolim. Ele explica que, para as obras, foram priorizados os trabalhadores da própria comunidade e que já pleiteiam vagas de emprego para os moradores quando o teleférico estiver em funcionamento. Além disso, afirma Renato, já houve uma significativa valorização dos imóveis na região das estações, o que se refletiu por todo o Complexo.

    Renato conta também que se iniciaram movimentos de sensibilização e conscientização da população a respeito do novo sistema de transporte. Já está em pleno vapor a campanha para que as crianças e jovens não soltem pipas nas proximidades das linhas de sustentação – o que pode causar grandes danos – e para que os moradores saibam que o transporte é seguro e que o cuidado com a preservação deve ser um trabalho conjunto.

    Esperamos ganhar também com o turismo que certamente virá com os teleféricos. Além da questão do transporte, nos preocupamos também com a geração de empregos e a melhoria de vida da população. Por isso nossa expectativa é grande.