Instituto Lula

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21/12/2010

Ontem, vítimas da violência; hoje, protagonistas da paz

    Mulheres da Paz: grupo de moradoras do Complexo do Alemão luta por um mundo mais justo e sem violência. Foto: Magda Dias/PR

    Regina, Sheila, Célia, Flaviane, Sandra, Mônica e Maria. Mulheres que têm em comum um passado marcado por momentos de violência, por dramas pessoais, por perdas e dificuldades; mulheres, no entanto, que apresentam um sorriso no rosto, palavras otimistas, alegria de viver. O que as une não são as memórias de dias difíceis, mas a força por lutar por uma vida melhor. O Blog do Planalto conversou com algumas moradoras do Complexo do Alemão que decidiram mudar o próprio destino e ajudar a juventude da comunidade “a encontra o caminho certo”. Há dois anos, elas fazem parte do movimento “Mulheres da Paz”, que teve hoje um dia de festa, como elas definiram, ao se encontrar com o presidente Lula para agradecer e pedir apoio para novos projetos.

    Sheila Santos é retrato do grupo. Em 2007, viveu um momento de drama quando sua filha, com então 13 anos, foi atingida dentro de casa, no Morro do Alemão, por uma bala perdida. A violência não deixaria sequelas físicas por “um milagre definido pelos médicos”, disse Sheila, mas deixou a família com um trauma psicológico que parecia insuperável. A forma que Sheila e sua família escolheram para mudar a situação não foi abandonando a casa, nem se revoltando com o Estado. Perceberam, segundo ela explica, que a única saída seria lutar com as armas que tinham: a cidadania e o sonho por uma comunidade em paz. É o que Sheila e suas companheiras fazem há dois anos, replicando o conhecimento que adquirem por meio de capacitações e distribuindo palavras de otimismo.

    O trabalho vai desde ensinar os fundamentos da lei Maria da Penha a cursos de profissionalização. Em cooperativas, elas produzem peças de artesanato, sabão caseiro, detergentes, que são vendidos e trocados por outras mercadorias dentro da própria comunidade.

    O próximo passo – e foi esse o motivo do encontro com o presidente Lula – é criar um centro de reabilitação para dependentes químicos. Atualmente elas já têm ações que visam tirar os jovens do tráfico e da criminalidade, mas pleiteiam um apoio do governo para ampliar o projeto e instituir parceria com centros de saúde.

    “A nossa maior alegria é quando vemos um jovem sair do mundo do crime. Vimos muitos de nossos garotos saírem do tráfico para irem trabalhar nas obras do PAC, acredita?”

    Como formiguinhas, as Mulheres da Paz têm mudado o próprio destino e contagiado a comunidade ao redor. Com a inauguração do teleférico, o trabalho de dois anos ganhará voz. A partir de março, em uma das estações, as Mulheres da Paz irão inaugurar a rádio comunitária, em mais uma “ação de ousadia”, como dizem, contra a violência que um dias as tentou calar.