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09/11/2010

Reunião do G20: Façam como se faz no Brasil que as coisas ficam mais fáceis

    O presidente Lula retornou do jantar oferecido pelo presidente de Moçambique, Armando Eduardo Guebuza, e conversou com jornalistas que o aguardavam no saguão do hotel. O tema central a entrevista foi a reunião do G20 que ocorre esta semana em Seul, na Coreia. Num primeiro momento, Lula explicou que irá levar para o encontro a experiência adotada pelo governo brasileiro durante a crise financeira mundial ocorrida no último trimestre de 2008. O presidente brasileiro descartou que apresentará proposta para o encontro com os chefes de Estado e de Governo das 20 potências.

    “Primeiro, no G20 a gente não leva proposta. O G20 não é um congresso em que a gente leva tese para ser aprovada, mas ideias para serem debatidas. Nós estamos desde que começou a crise mundial em 2008 dizendo que só existe uma possibilidade de resolver a crise que é evitar o protecionismo entre as nações que fazem comércio mundial. Cada país precisa fazer política anticiclica que nós fizemos. Como os países ricos habitualmente tentavam dar lições, seria importante aprender o que nós fazemos para adotar políticas iguais.”

    Ouça abaixo a íntegra da entrevista concedida pelo presidente Lula em Maputo.

     


    Lula citou exemplos como a solução adotada pelo governo brasileiro para equacionar a crise no setor automobilístico. Segundo ele, as ações do governo federal permitiram equacionar o problema em poucas semanas. Enquanto isso, as maiores potências econômicas demandaram mais tempo. Com relação à questão do crédito, que no Brasil foi resolvida em dois meses, o presidente explicou que existem países que convivem com estas dificuldades até os dias atuais.

    O presidente brasileiro argumentou também que as contantes guerras cambiais devem ser debatidas, bem como a criação de um mecanismo que permita a fiscalização do sistema financeiro mundial. Lula lembrou que certos países – em especial os considerados mais ricos – sempre davam palpites quando os problemas eram com nações economicamente inferiores.

    “Então estou dando um palpite. Façam como se faz no Brasil que as coisas ficam mais fáceis”, disse.

    Na entrevista, o presidente foi questionado também sobre aumentos de salários que estão sendo autorizados pelo Congresso Nacional para os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Segundo ele, em 2002, quando foi eleito para o primeiro mandato, o Legislativo aprovou reajuste para todos os escalões, mas exclui o presidente da República. Ele lembrou que na ocasião recebeu indicação de uma brecha, mas preferiu não se benficiar. Porém, no momento atual, ele acha importante que a decisão seja tomada.

    O presidente explicou que encerrou por Moçambique a sua última etapa como presidente do Brasil porque existiam questões que precisavam ser resolvidas, como a fábrica que produzirá remédios para tratamento de cidadãos infectados pelo vírus da Aids e a implantação do pólo de ensino à distância. Lula conclui a vista a Moçambique nesta quarta-feira (10//11), com visita às instalações da fábrica de antirretrovirais.